domingo, 9 de agosto de 2009

Lastfm



Há duas coisas que estou pesquisando ultimamente que me motivaram a escrever este post: colaboração e algoritmos. De forma bem recortada e generalizada os algoritmos são responsáveis por receber informações fornecidas pelas pessoas em suas experiências na internet, cruzá-las e lhes fornecer de volta informações relevantes, qualificadas. E de modo ainda mais recortado e resumido, a colaboração é uma forma de atuação e produção em conjunto que permite resultados muitas vezes não possíveis de serem alcançados individualmente.

Para exemplificar, um algoritmo faz com que, ao acessar uma segunda vez a Amazon, um visitante receba informações personalizadas que foram obtidas após análise de sua navegação anterior. Um algoritmo também realiza alguns outros cálculos simples para dizer às pessoas — de forma não-personalizada — que um livro se relaciona a outro — uma vez que várias pessoas que compraram um deles, também compraram o outro.

Com relação à colaboração, a Wikipedia é um bom exemplo. Ela só existe pois muitas pessoas colaboram com seu conteúdo. De graça, pelo simples fato de que o resultado que cada um pode usufruir vale a pena. Discorri na minha dissertação de mestrado sobre o caso e citei o conflito causado por uma pesquisa da Nature comparando a Wikipedia com a Britannica. Na pesquisa o índice de erros entre ambas eram similares, coisa de 4% para a fechada e 5% para a coletiva. Houve revolta por parte da Britannica contestando os métodos da Nature. A Nature respondeu bla bla bla... O fato é que depois do ocorrido os resultados incorretos da Wikipedia já estavam corrigidos. A Britannica precisaria esperar a próxima edição. Detalhe, a Britannica tem aproximadamente 1000 verbetes. A Wikipedia oitenta vezes mais, e aumentando...

Voltando:
1. Acho a colaboração incrível.
2. Acho algoritmos incríveis.
3. Adoro, toco e pesquiso música.

Com estes três ingredientes, confesso que era fascinado pela Lastfm.
Uma rede onde um algoritmo muito bacana interpreta o gosto musical de uma pessoa, relaciona esta pessoa com outras que gostam de músicas similares e ainda permite que você escute músicas similares à aquelas que gosta! Incrível, não? Tanto é que eu havia instalado o software que eles disponibilizam para os cadastrados. Esse software envia uma lista de todas as músicas que eu escuto no meu computador para que a Lastfm me conheça ainda mais utilizando esta informação tanto para me recomendar pessoas quanto para incrementar as relações entre as bandas.

Pois bem, a Lastfm foi comprada pela CBS, fez acordo com as grandes gravadoras e agora, fora Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido, é preciso pagar para ouvir as músicas.

Meu anseio por colaborar com a Lastfm não é mais o mesmo. Parei de mandar as informações sobre o que eu escuto. Pensei, poxa, os caras vão ganhar dinheiro se utilizando, também, da minha informação e vão me cobrar por isso*. Tenho mais interesse em colaborar com algo que seja colaborativo tanto no momento de receber, quanto no distribuir. O sistema deles é feito desta forma, ele vai utilizar a minha informação — e de milhares de pessoas que também vão pagar — para aperfeiçoar ainda mais sua base de dados. Bom, eu poderia pensar que, apesar de não poder escutar músicas, o que eu ganho em troca é a informação qualificada. Recomendações.

O fato é que há outras comunidades e formas de você ter informação qualificada e recomendações sobre música que não exigem uma compensação financeira em troca dos serviços. Acho mais interessante pensar em ajudar a contruir algo que não seja uma ferramenta onde seu objetivo maior não seja a música e sim o lucro.

Veja bem, eu não tenho nada contra o lucro. Eu também quero lucrar. E não estou dizendo que o que a Lastfm fez é errado. Longe disso. Disse apenas que prefiro criar algo coletivo, colaborativo, onde o resultado também seja de responsabilidade e usufruto meu e de todas as outras pessoas. Colaborar com a Lastfm era pra mim prazeiroso da mesma forma — e não intensidade — que quando saio pra conversar com meus amigos, quando toco música, quando cozinho, quando fico com minha filha, ou seja, pelo simples fato de me dar vontade. Várias pessoas vão aderir ao Lastfm pagando, não há nada de errado nisto. Inclusive, lendo a respeito sobre a compra da Lastfm pela CBS, acho que o ato pode ter sido um passo na grande questão que perturba a industria fonográfica. Enfim, Lastfm continua sendo uma referência nas minhas aulas , discursos e pesquisas sobre algoritmos, mas não será da mesma forma parte do meu dia-a-dia.

Entretanto, não pretendo que ninguém atire pedras na Lastfm ou CBS, ache-os pejorativamente capitalistas, bloqueie a URL. Conto a história para expor uma reação minha frente a esta mudança e para discutir formas de colaboração, modelos de negócios, qualificação de conteúdo e música na internet.


* Sobre a discussão da música ser ou não paga ha referências aqui no arquitetura de interface , na minha dissertação e aos montes pela internet.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Por pouco...

Europa rejeita proposta de criminalizar compartilhamento de arquivos na web

Por IDG News Service/Bélgica

Bruxelas - Em votação apertada, parlamentares rejeitaram medidas radicais para punir infração de direitos autorais na internet.

O parlamento europeu rejeitou a proposta de tornar o compartilhamento de arquivos por indivíduos na internet um crime e descartou a idéia de banir os infratores dos direitos autorais da web em uma votação em plenário nesta quinta-feira (09/04).

A votação foi apertada: 314 membros do parlamento votaram a favor de uma emenda para abolir medidas consideradas desproporcionais e draconianas para proteger os direitos autorais na internet, enquanto 297 parlamentares votaram contra.

“A votação mostra que os parlamentares querem chegar a um equilíbrio entre os interesses dos detentores dos direitos e os dos consumidores, e que grandes medidas, como cortar o acesso, não devem ser usadas”, disse Malene Folke Chaucheprat, porta-voz do parlamento, após a votação.

Paul Meller, editor do IDG News Service, de Bruxelas

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Sinais de mudança 03

Paris lança internet de graça em parques e praças
BBC Brasil.com

A prefeitura de Paris lançou um serviço que oferece conexão gratuita à internet sem fio em 260 locais públicos da cidade, como jardins, bibliotecas, museus e associações.

computador

O internauta, parisiense ou turista, poderá utilizar o sistema durante os horários de abertura desses locais, mas em alguns lugares, como a esplanada da prefeitura ou o Champs de Mars, onde está situada a Torre Eiffel, o serviço vai funcionar continuadamente.

Segundo a prefeitura, o objetivo é transformar Paris em “uma cidade de ponta na área de comunicação digital”, ampliando o sistema de conexões de alta velocidade e oferecendo também um “serviço de internet universal”.

Para usufruir da internet sem fio, basta ir a uma das áreas identificadas com placas ou cartazes, e se aproximar do ponto de acesso. Alguns locais possuem vários pontos de conexão, que totalizam 400 em toda a cidade.

Disputa judicial

O projeto custou 1,7 milhão de euros (cerca de R$ 4,4 milhões) e as despesas com manutenção anual do sistema devem ser de 500 mil euros (cerca de R$ 1,3 milhão).

O programa, no entanto, resultou numa disputa judicial entre a prefeitura e a estatal France Télécom, que instalou 3 mil pontos de conexão sem fio pagos na capital francesa.

A France Télécom entrou com uma ação em um tribunal administrativo com o objetivo de impedir a oferta do serviço, alegando que a iniciativa desrespeita a lei das coletividades territoriais.

Esta legislação prevê que uma prefeitura não pode entrar em concorrência com operadores, a não ser que a oferta privada seja insuficiente.

A prefeitura de Paris argumenta em sua defesa que o sistema não cobre toda a cidade, mas oferece apenas alguns pontos de conexão em locais precisos.

A licitação, lançada em 2006, foi vencida pelo operador de telefonia celular SFR, que garante a conexão, e pela Alcatel-Lucent, que forneceu os equipamentos.

Também estão sendo realizados testes para desenvolver um mobiliário urbano adaptado ao uso da internet, com bancos e cadeiras que tenham pranchas para colocar o computador e tomadas alimentadas por energia solar.

O site pariswifi.fr informa sobre os locais onde o serviço está disponível. O prefeito de Paris, Bertrand Delanoë, que anunciou que vai concorrer nas eleições municipais de 2008 poderá, com a internet sem fio gratuita, engordar a lista de ações que o popularizaram, como a “Paris Plage”, a “praia” que é criada no centro de Paris no verão, e o Vélib, serviço de aluguel de bicicletas lançado em julho e que já atraiu milhões de usuários.

Sinais de mudança 02

Amazon lança aparelho sem-fio para livros digitais
BBC Brasil.com

A loja de vendas pela internet Amazon lançou nesta segunda-feira o Kindle, um aparelho eletrônico sem-fio para leitura de livros digitalizados.

Kindle, da Amazon

O dispositivo está à venda para clientes nos Estados Unidos por US$ 399 (cerca de R$ 800) e tem capacidade para armazenar até 200 livros.

O Kindle funciona sem fio e não precisa ser conectado a computadores para ser carregado com livros, blogs ou periódicos. A bateria do aparelho dura cerca de 30 horas entre cada recarga.

A Amazon afirma que 90 mil títulos estão disponíveis para os clientes do Kindle, com preços de US$ 9,99 (cerca de R$ 20).

Preços

"Nós estamos trabalhando no Kindle há mais de três anos", disse Jeff Bezos, diretor da Amazon, no lançamento do produto.

O Kindle utiliza a rede sem-fio EVDO, o que pode limitar a venda do produto aos Estados Unidos, já que essa tecnologia é pouco usada fora do país.

Os usuários não precisam pagar para usar a rede wireless, já que a Amazon cobre os custos de acesso. A empresa cobra apenas pelo download dos livros.

No caso de blogs e periódicos, os usuários do Kindle teriam de pagar para ter acesso a conteúdos que podem ser gratuitos na internet.

Uma assinatura mensal do jornal americano The New York Times custa US$ 13,99 (cerca de R$ 28) para usuários do Kindle. O site BoingBoing sai por US$ 1,99 (cerca de R$ 4).

O Kindle também permite que usuários façam anotações em documentos e mandem mensagens.

O aparelho também apresenta links para a enciclopédia eletrônica Wikipedia e para o dicionário Oxford American Dictionary.

Sinais de mudança 01

Internet supera popularidade da TV na Europa
Redação Portal IMPRENSA

A internet desbancou a televisão no que diz respeito ao uso pelos jovens na Europa. Esta é uma das conclusões de uma recente pesquisa realizada pela Associação Européia de Publicidade Interativa (EIAA, na sigla em inglês), divulgada pelo jornal The Guardian.

Segundo os resultados, 82% dos jovens de 16 a 24 anos acessa a internet entre cinco e sete dias por semana. Ao mesmo tempo, apenas 77% das pessoas nesta faixa etária assistem televisão com a mesma regularidade. Se comparado ao resultado do ano passado, houve uma queda de 5%.

A pesquisa revelou, ainda, que a os jovens europeus passam 12 horas online a cada semana, uma hora a mais que no ano passado. Os italianos são os que mais acessam a internet, com média 13,6 horas, seguidos por suecos e franceses. Os holandeses são os que menos acessam, com média de 9,8 horas.

Na Europa existem 169 milhões de internautas, sendo que 80% fazem uso de conexão banda larga.

A pesquisa da EIAA ouviu mais de 7 mil pessoas, espalhadas por 10 países europeus. Para ler mais sobre os resultados, em inglês, clique aqui.

sábado, 27 de outubro de 2007

Jogo dos 7 erros





O vídeo do Lada está sendo disseminado recentemente pela rede. Já recebi indicações por e-mail, vi em programas de televisão e todos ficam realmente impressionados. Como é possível!?!?! [estalo] Lembrou-me o vídeo do Ronaldinho e as bolas na trave.

Que ambos são montagens muito bem feitas não há dúvidas. Olhe com atenção. O segundo, como se sabe, é um case de marketing viral muito bem planejado para a Nike. E o primeiro? Será que é algo similar? E se for, quem estaria por trás? Parece-me uma propaganda do Playstation, Xbox ou algo do tipo...

O que te parece?

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Copyrights

Postado em http://www.cultura.gov.br/blogs/diversidade_cultural/?p=75

“O copyright já foi uma maneira de garantir uma renda decente aos artistas. Além de nos perguntarmos se ele realmente funcionou nesse sentido – a maioria dos artistas nunca receberam um centavo do sistema de copyright – temos de admitir que ele serve a um propósito completamente diferente no mundo contemporâneo. O copyright agora é a ferramenta usada pelas indústrias editoriais e de cinema, imagem e música para controlar seus mercados.

Essas indústrias decidem se os materiais sobre os quais elas passaram a mão devem ou não ser usados por outros. E se elas permitirem o uso, decidem as condições e o preço. As legislações européia e americana estendem esse privilégio para nada menos que 70 anos após a o falecimento do autor original. Quais as conseqüências? A privatização de uma parcela cada vez maior das nossas expressões culturais, por que é precisamente isso que o copyright faz. Nosso direito democrático à liberdade de trocas culturais e artísticas está sendo levado embora aos poucos, mas veementemente.”

Joost Smiers