quarta-feira, 21 de março de 2007

Bibliografia

IED Brasil
Arti Visive, Digital
1º semestre / 2007

Bibliografia básica


GALLOWAY, A. Protocol - How control exists after decentralization. 1 ed. Cambridge: Mass: MIT Press, 2004.
JOHNSON, S. Emergência. 1 ed. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.
SANTAELLA, L. O que é semiótica. 1 ed. São Paulo: Brasiliense, 2006

Bibliografia complementar

BEIGUELMAN, G. Link-se. arte/mídia/política/cibercultura. 1 ed. São Paulo: Peirópolis, 2005.
ECO, U. Tratado de semiótica geral. 3 ed. São Paulo: Perspectiva, 2000.
MANOVICH, L. The Language of New Media. Cambridge, Mass: MIT Press, 2001.
SANTAELLA, L. Cultura das Mídias. São Paulo: Experimento, 1996.
SANTOS, R. C. Por um novo conceito de comunidade: redes sociais, comunidades pessoais, inteligência coletiva. Interface, São Paulo, v. 9, n. 17, p. 235-248, 2005.

terça-feira, 13 de março de 2007

Smart Mobs

Howard Rheingold — pesquisador, escritor, etc. — escreveu em 2003 um livro chamado SMART MOBS. Nas primeiras páginas, Rheingold conta que os primeiros sinais da próxima mudança apareceram para ele em 2000. Enqunato andava pelas ruas de Tókio, observou pessoas olhando e teclando em seus telefones ao invés de usá-los para falar. Ele continua dizendo que 'Texting' — a troca de pequenos textos, como os SMSs — era apenas uma pequena parte da profunda mudança que ocorrerá nos próximos dez anos.

Logo na sequência ele define que 'Smart Mobs consiste de pessoas capazes de agir em conjunto, mesmo não conhecendo as outras. As pessoas que constituem Smart Mobs cooperam de formas nunca antes possíveis pois carregam consigo aparelhos com dispositivos tanto de comunicação, quanto de computação.'

Bom, agora podemos voltar à questão da autoria.
Falando das potencialidades deste contexto de grande fluxo de informação, Rheingold conta que as fortunas de amanhã serão feitas a partir de negócios que encontrarem uma forma de se aproveitar destas mudanças. Com relação às fortunas de ontem, na verdade, ele comenta que já estão saindo dos negócios que NÃO as entendem".

Vejam...
http://noticias.uol.com.br/economia/ultnot/afp/2007/03/13/ult35u52250.jhtm



sexta-feira, 9 de março de 2007

Uma questão de autoria...

Os dois posts publicados logo abaixo relatam tentativas de controle na web. Uma no Brasil e outra na Europa. A questão é muito delicada pois ela envolve reflexos bem maiores do que podemos imaginar.

O link deste post remete a um texto da Artista e Professora Doutora do curso de Comunicação e Semiótica da PUC-SP, Giselle Beiguelman. É um contraponto aos textos abaixo. Vale a leitura. Para quem quiser este e outros textos da Giselle - também valem muito - eles estão publicados no seu livro Link-se (arte/mídia/política/cibercultura) São Paulo, Editora Peirópolis, 2005.

Discutimos mais na terça-feira.

Projeto quer controlar acesso à internet

Elvira Lobato
da Folha de S.Paulo, no Rio

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado votará, na próxima quarta-feira, um projeto de lei que obriga a identificação dos usuários da internet antes de iniciarem qualquer operação que envolva interatividade, como envio de e-mails, conversas em salas de bate-papo, criação de blogs, captura de dados (como baixar músicas, filmes, imagens), entre outros.

O acesso sem identificação prévia seria punido com reclusão de dois a quatro anos. Os provedores ficariam responsáveis pela veracidade dos dados cadastrais dos usuários e seriam sujeitos à mesma pena (reclusão de dois a quatro anos) se permitissem o acesso de usuários não-cadastrados. O texto é defendido pelos bancos e criticado por ONGs (Organizações Não-Governamentais), por provedores de acesso à internet e por advogados.

Os usuários teriam de fornecer nome, endereço, número de telefone, da carteira de identidade e do CPF às companhias provedoras de acesso à internet, às quais caberia a tarefa de confirmar a veracidade das informações.

O acesso só seria liberado após o provedor confirmar a identidade do usuário. Para isso, precisaria de cópias dos documentos dos internautas.

Críticas

Os provedores de acesso à internet argumentam que o projeto vai burocratizar o uso da rede e que já é possível identificar os autores de cibercrimes, a partir do registro do IP (protocolo internet) utilizado pelos usuários quando fazem uma conexão. O número IP é uma espécie de "digital" deixada pelos internautas. A partir dele, chega-se ao computador e, por conseguinte, pode-se chegar a um possível criminoso.

Principais alvos do cibercrime, os bancos e os administradores de cartões de crédito querem a identificação prévia dos internautas. O diretor de Cartões e Negócios Eletrônicos da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Jair Scalco, diz que não adianta criar leis para punir as fraudes na internet se não houver a identificação obrigatória de todos os internautas. Ele defende que os registros de todas as conexões sejam preservados por pelo menos três anos.

O projeto recebeu muitas críticas. "É uma tentativa extrema de resolver a criminalidade cibernética, que não surtirá efeito. O criminoso vai se conectar por meio de provedores no exterior, que não se submetem à legislação brasileira, ou usará laranjas [terceiros] e identidade falsa no Brasil", afirma o presidente da ONG Safernet (Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos), Thiago Tavares. A entidade é dirigida por professores da Universidade Federal da Bahia e da Universidade Católica do Salvador (UCSal).

Para Tavares, o projeto, se aprovado, irá burocratizar e restringir o acesso à internet. "Não se pode acabar com a rede, em nome da segurança, porque ela nasceu com a perspectiva de ser livre e trouxe conquistas muito grandes, como a liberdade de informação e de conexão", afirma.

Para ele, os provedores tenderão a dificultar o acesso das pessoas à rede mundial de computadores, com medo de serem responsabilizados criminalmente por atos dos usuários.

Lobby

O relator do projeto é o senador Eduardo Azeredo (PSDB), ex-governador de Minas Gerais. Os especialistas do setor dizem que o mentor das mudanças é o assessor de Azeredo José Henrique Portugal, ex-dirigente do Serpro, estatal federal de processamento de dados.

O presidente da ONG Safernet diz que, por trás da identificação e da certificação prévias dos usuários da internet, está o lobby das empresas de certificação digital, espécie de cartórios virtuais, que atestam a veracidade de informações veiculadas pela internet.

De acordo com ele, o projeto está na contramão da democratização do acesso à internet, ou inclusão digital, pretendida pelo governo.

Europa quer saber quem está online

Victoria Shannon
em Paris

Os governos europeus estão preparando uma legislação para forçar as empresas a manterem dados detalhados sobre o uso da Internet e do telefone pelas pessoas, algo muito além do que os países serão obrigados a fazer, segundo uma diretriz da União Européia (UE).

Na Alemanha, uma proposta do Ministério da Justiça basicamente proibirá o uso de informação falsa para a criação de conta de e-mail, tornando ilegal a prática padrão na Internet de criação de contas com pseudônimos.

Uma lei esboçada na Holanda igualmente irá além do que exige a UE, neste caso obrigando as companhias telefônicas a guardarem os registros de exatamente onde alguém está durante toda uma conversa por telefone móvel.

Os provedores de Internet na Europa já divulgam de forma "rotineira" informações sobre os clientes - que eles normalmente mantêm à mão por cerca de três meses, para fins de cobrança - para policiais com ordens judiciais, disse um especialista em privacidade. Os dados detalham como a comunicação foi enviada e por quem, mas não divulga o seu conteúdo.

Mas as autoridades argumentaram na época dos atentados terroristas na Espanha e no Reino Unido, em 2004, que precisavam de um armazenamento maior, melhor e mais longo de dados por parte das empresas que cuidam das redes de comunicação da Europa. A Corte Nacional espanhola dará início nesta quinta-feira (15) ao julgamento dos 29 suspeitos dos atentados a bomba contra trens em Madri, em 11 de março de 2004, que mataram 191 pessoas e feriram mais de 1.800.

Os países da UE têm até 2009 para transformar a Diretriz de Retenção de Dados em lei, de forma que as propostas apresentadas até agora são interpretações iniciais. Mas algumas pessoas envolvidas na questão estão preocupadas com uma mudança no pêndulo da privacidade na Europa, que há muito era uma defensora dos direitos de privacidade dos indivíduos.

Segundo as propostas na Alemanha, os usuários teoricamente não poderiam criar contas de e-mail fictícias, por exemplo, para se disfarçarem em leilões online. Nem poderiam usar uma conta inventada para receber e-mail comercial indesejado. Apesar de não serem proibidos apelidos em e-mails, eles teriam que ser rastreáveis ao dono de fato da conta.

"Isto é uma coisa incrivelmente ruim em termos de privacidade, já que as pessoas cresceram com a idéia de que você pode ter uma conta anônima de e-mail", disse Peter Fleischer, o consultor europeu de privacidade da Google, em Paris. "Além disso, será difícil aplicar e não funcionará."

Fleischer, cuja empresa com sede na Califórnia oferece serviço gratuito de e-mail, disse que lei terá que exigir algum tipo de verificação de identidade, "como a necessidade de se registrar para obtenção de um endereço de e-mail usando sua carteira de identidade nacional".

Jörg Hladjk, um advogado especializado em privacidade da Hunton & Williams, uma firma de advocacia de Bruxelas, disse que também poderá se tornar ilegal pagar em dinheiro por contas de celular pré-pagos. As informações de cobrança de assinaturas regulares de telefonia celular já são verificadas.

"É irônico", disse Fleischer, "porque a Alemanha é um dos países na Europa onde as pessoas mais falam sobre privacidade. Em termos de conscientização de privacidade em geral, eu colocaria a Alemanha em um extremo".

Fleischer disse que não está claro se alguma lei européia se aplicará aos provedores de e-mail com sede nos Estados Unidos, como a Google, de forma que qualquer um que necessite de um endereço de e-mail não verificado - por motivos políticos, comerciais ou filosóficos - ainda poderia usar os endereços do Gmail, Yahoo ou Hotmail. "Será difícil saber que lei se aplica", disse Hladjk.

A Google só exige duas informações para abertura de uma conta no Gmail - nome e senha - e a empresa não tenta determinar se o nome é autêntico.

Na Holanda, a proposta de ampliação da lei para abranger todos os dados de localização dos aparelhos móveis "implica em vigilância de movimento de um grande número de cidadãos inocentes", disse a Agência Holandesa de Proteção de Dados. A agência concluiu em janeiro que a lei desrespeita as proteções da privacidade da Convenção Européia de Direitos Humanos. De forma semelhante, a Bitkom, a associação setorial alemã de tecnologia, disse que a lei dali viola a Constituição alemã.

As associações do setor de telecomunicações e Internet fizeram objeções quando a diretriz estava sendo debatida, mas na época suas preocupações eram quanto ao prazo da necessidade de manutenção dos dados e como as empresas seriam compensadas pelo custo de reunir e guardar a informação. A diretriz acabou deixando ambas as decisões nas mãos dos governos nacionais, estabelecendo um prazo de seis meses a dois anos.

"Há muitas pessoas na Alemanha que apóiam totalmente este esboço", disse Christian Spahr, um porta-voz de telecomunicações e lei da Bitkom. "Mas há outros que o criticam mais do que nós."

Tradução: George El Khouri Andolfato